A logística sempre foi um dos pilares do agronegócio brasileiro, explica o empresário Aldo Vendramin. Levar o que é produzido no campo até os centros de consumo, portos e indústrias é uma operação que depende de planejamento, investimento e eficiência. Compreender a evolução da logística no Brasil é essencial para entender os gargalos que ainda afetam o produtor rural, e os desafios que 2025 promete trazer.
Neste artigo conceituamos a linha do tempo da logística, suas mudanças e expectativas para o futuro.
Da estrada de terra à multimodalidade
A história da logística brasileira acompanha a própria trajetória do desenvolvimento agrícola do país. No início do século XX, a infraestrutura era precária, com transporte predominantemente fluvial e ferroviário. Com o avanço da fronteira agrícola e a expansão do agronegócio, as rodovias passaram a dominar o escoamento da produção, especialmente a partir da década de 1970.

Esse modelo rodoviário, embora prático, trouxe uma dependência cara e vulnerável. O custo de transporte representa, em média, 25% do valor final da produção rural, segundo estimativas do setor.
Conforme Aldo Vendramin, a história da logística no Brasil é marcada por avanços e desequilíbrios. Temos uma das maiores produções agrícolas do mundo, mas ainda enfrentamos estradas ruins e longas distâncias que elevam o custo do produtor.
Nos últimos 20 anos, o país vem diversificando gradualmente suas rotas logísticas, investindo em ferrovias, hidrovias e terminais intermodais. Projetos como a Ferrovia Norte-Sul, a BR-163 e o Arco Norte são exemplos de como o transporte vem se tornando mais integrado e eficiente.
O impacto direto no produtor rural
Para o produtor, a logística é mais do que um tema macroeconômico, é uma questão diária. O tempo gasto no transporte da safra, o custo do frete e as perdas durante o trajeto impactam diretamente o lucro e a competitividade do agronegócio. Segundo o senhor Aldo Vendramin, a eficiência logística é tão importante quanto a produtividade da lavoura. Não adianta produzir bem se o produto não chega rápido e em boas condições, o campo precisa de estradas seguras, armazéns próximos e rotas inteligentes.
O gargalo logístico ainda é um dos principais desafios enfrentados por produtores de grãos, carne e leite. Regiões como o Centro-Oeste e o Norte, grandes polos agrícolas, continuam sofrendo com infraestrutura limitada e altos custos de transporte.
A modernização das vias e o fortalecimento do transporte ferroviário e hidroviário são soluções que podem mudar esse cenário, reduzindo custos e tornando o Brasil mais competitivo no comércio internacional.
A tecnologia como aliada da eficiência
O avanço tecnológico tem sido fundamental para transformar a logística rural. A digitalização das cadeias produtivas, o rastreamento em tempo real e o uso de dados de tráfego e clima estão tornando o transporte mais previsível e eficiente. Hoje, fazendas utilizam sistemas de gestão logística (TMS) e aplicativos de roteirização que ajudam a planejar entregas, otimizar rotas e reduzir o desperdício de combustível. Além disso, a integração de plataformas digitais de frete aproxima transportadores e produtores, trazendo mais agilidade e transparência.
Como elucida Aldo Vendramin, o produtor que investe em tecnologia colhe mais do que resultados operacionais. Quando há controle sobre estoque, armazenamento e transporte, há também mais segurança e rentabilidade. Essa transformação digital também abre espaço para iniciativas sustentáveis, como o uso de biocombustíveis e veículos elétricos leves para transporte de curta distância.
Desafios e perspectivas para 2026
O ano de 2026 deve marcar uma nova etapa na agenda logística brasileira. O governo federal prevê a ampliação de investimentos em concessões rodoviárias e ferrovias, além da expansão do transporte por cabotagem, especialmente com o avanço do programa BR do Mar.
Essas iniciativas prometem reduzir a sobrecarga das estradas e ampliar as opções de transporte de grãos, insumos e animais. No entanto, especialistas alertam que a execução ainda é o maior desafio. Aldo Vendramin considera que a prioridade deve ser o equilíbrio regional, pois não basta construir grandes obras no papel. O produtor rural precisa de acesso real às rotas e infraestrutura. O futuro da logística no campo depende de investimento constante e de gestão eficiente.
Junto a isso, o aumento das exportações e a pressão por sustentabilidade devem exigir soluções inovadoras, como corredores verdes de transporte, que conciliam eficiência energética e responsabilidade ambiental.
O papel do produtor moderno na cadeia logística
O produtor rural de hoje é mais do que um fornecedor, é um gestor de processos. Ele entende que logística é parte do planejamento da safra, da colheita e da comercialização. A tendência para os próximos anos é que o campo adote cada vez mais modelos colaborativos, em que cooperativas e produtores compartilham infraestrutura e transporte para reduzir custos e otimizar operações.
Essa mentalidade coletiva é o caminho para o futuro, visto que o produtor que se une a outros, planeja rotas e investe em armazenagem ganha autonomia e força no mercado. Logística é sinônimo de parceria e visão estratégica. A evolução da logística no Brasil é um reflexo da maturidade do agronegócio nacional.
Com inovação, cooperação e políticas bem direcionadas, o campo brasileiro pode transformar um dos seus maiores gargalos em uma das suas maiores vantagens competitivas.
Autor: Richard Christian